Learning Garden - O testemunho de uma Professora sobre uma experiência não-Formal
Com a finalidade de partilhar experiências e confrontar perspetivas acerca dos processos de ensino e aprendizagem e construção de conhecimento, decorreu entre 22 e 28 de julho em Dworp, na Bélgica, o seminário Linking Learning no âmbito do Programa Juventude em Acçãoque reuniu participantes de diversos países e organizações europeias.
Esta iniciativa, original quanto ao pressuposto de partida — cruzar testemunhos e contributos da educação formal e não formal — desenvolveu-se como um projeto de investigação-ação em que a partir de determinadas atividades e desafios se procurou construir um espaço de discussão e reflexão aplicado à realidade prática de cada um.
A Dínamo e a Escola Secundária Leal da Câmara, a seu convite, estiveram presentes neste evento e é nesta qualidade que passarei a referir as minhas impressões e vivências acerca deste curso de formação.
Através da partilha de boas práticas e de estratégias facilitadoras da aprendizagem e de experiências de cooperação entre entidades e organizações educativas diversificadas, pressupostos fundamentais deste projeto, foi lançada a proposta de base que sustentaria todo o trabalho desenvolvido neste encontro: criar um grupo identitário que se reconhecesse e interviesse para resolver problemas e alcançar novos conhecimentos. Como no jogo do novelo e dos botões trazido pelo grupo da Letónia no momento das apresentações formais, pretendia-se um espaço de interseção em que as diferenças e latitudes pudessem desaguar num círculo quase perfeito, promotor de mais energia, mais criatividade e, sobretudo, de novos projetos. Das ideias aos atos, Teambuilding foi o mote. Nem sempre fácil, nem sempre imediato, mas a construção de uma jangada pode ser uma metáfora adequada para ensaiar o objetivo primeiro do empreendimento educativo: planificar e unir esforços para concretizar com eficácia, deixando alicerces sólidos para uma obra que sucessivamente se reposiciona e acrescenta.
Confrontados logo no primeiro dia com os nossos medos e expetativas, tal como nos foi sugerido, inscrevemos esses medos numa parede de cores em que os nossos rostos se projetavam e aceitámos voltar-nos para dentro tentando recolher respostas (como me vejo a mim próprio? o que sinto? como será que os outros me vêm? como tomo decisões? qual foi a primeira coisa que aprendi? como aprendi? o que farei aqui? onde estarei no fim desta semana de seminário? ) Como numa unidade orgânica, fomos convidados a ir deixando cair sementes, para mais tarde colher…
Visto agora em retrospetiva, retenho como um dos pontos mais marcantes deste conjunto de atividades formativas o clima de confiança e, em certos aspetos, de empatia que se estabeleceu entre os participantes de proveniências tão distintas. Professores e trabalhadores sócio-educativos em prol dos jovens (alguns em regime de voluntariado), jovens e menos jovens, aceitando experimentar e envolver-se numa dinâmica coletiva em que o olhar do outro, a reflexão conjunta e sistemática (os learning groups do fim de tarde) e a avaliação de práticas se foi transformando numa abordagem muito motivadora e gratificante.
Ainda que cansados e com saudades de casa, todos nos achámos muito próximos e em sintonia. Paradoxalmente, partíamos como se fossemos agora começar. Fazendo jus ao programa de suporte institucional — B*Come — imersos no ambiente frondoso e verde de Hanenbos, qual floresta encantada, sentimo-nos parte dessa grande equipa:multicultural, unida e cooperante. Menos apreensivos relativamente aos sistemas e entraves do costume. Com mais otimismo, com novas ideias, com pequenas coisas muito concretas, e muito, muito, desejo de criar mais. Como divisa de despedida bem podíamos escrever: Linking Learning, Countries and Friends.
Foi para mim uma grande oportunidade e privilégio ter feito parte deste grupo. Atingidos estes objetivos, um novo desafio se nos coloca: pôr em prática o que desenhámos, concretizando novos projetos e parcerias.
Guadalupe Gomes/Esc. Sec. de Leal da Câmara
Agosto/2012
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